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Fiat Panorama: a perua para tempos difíceis

A Fiat Panorama foi a perua da montadora italiana entre 1980 e 1986, em tempos onde reinava o hatchback 147 pelas ruas brasileiras, competindo com o Chevette e oferecendo, consequentemente, resistência à Marajó – versão SW do concorrente do 147.

De projeto requintado e resultados interessantes para seu contexto, a Fiat Panorama fez história durante sua passagem pelo mercado brasileiro e ainda teve ótimo desempenho na exportação – considerando-se os números gerais de produção do modelo.

Entenda o que torna a Panorama um veículo singular e o que faz desta perua compacta um verdadeiro clássico no mercado nacional, além de uma simples variação do 147:

A perua por dentro das tendências

Fiat_Panorama_Assisi_1983

A Fiat Panorama pode (e deve) ser considerada uma perua precisamente dentro de seu tempo. Lançada em 1980, ela soube aproveitar exatamente o que havia a seu alcance para tentar manter-se atualizada e competitiva.

Derivada de um dos grandes sucessos da época, o Fiat 147, a perua atendia quem buscava um bom custo-benefício, especialmente em relação ao consumo de combustível. Quando o 147 recebeu sua releitura, o Spazio, a Panorama rapidamente recebeu suas características para manter-se atual – mas, em 1983, já era difícil competir com as outras opções do mercado.

Projeto brasileiro para o mercado brasileiro

É interessante como a Fiat soube compreender o mercado brasileiro desde a implementação do 147: embora nem todas as suas variantes tenham feito grande sucesso no mercado, elas raramente estavam muito longe daquilo que o público parecia querer.

A perua Panorama era metade 147 – neste caso, metade indica algo físico: da metade para frente. A outra metade era um projeto totalmente nacional, que buscava oferecer conforto em um veículo reduzido de valor acessível.

Além disso, era necessário que o modelo não consumisse muito combustível: um ano antes de seu lançamento, a crise do petróleo de 1979 aumentou os preços da gasolina de maneira rigorosa e assustadora, e a inflação começava a determinar-se como um problema na vida dos brasileiros.

Fiat_Panorama_lateral

Produção para exportação

A parte mais curiosa deste projeto declaradamente brasileiro é o seu desempenho de vendas. Em seus seis anos de existência, mais de cem mil unidades foram produzidas e vendidas. No entanto, cerca de metade deste total foi exportado.

Os destinos eram países europeus, além de vizinhos como Argentina, Venezuela e Chile. Embora pareça contraditório que a Panorama pensada para o mercado brasileiro vendesse bem em outros territórios, o fato é simplesmente lógico.

A crise de petróleo foi global e a preocupação com combustível era generalizada em todos os países que não haviam boicotado as vendas. Por isso, a proposta de um modelo atualizado e de baixo consumo foi facilmente aceita em diversos mercados, que acabaram adquirindo metade da produção brasileira.

fiat-panorama

Aposentadoria e substituição

O trajeto da Panorama no Brasil parece não corresponder à boa execução de seus projetos, em alguns momentos. A perua era mais avançada, por exemplo, do que a Marajó da Chevrolet – especialmente no que dizia respeito ao custo-benefício, o que poderia a colocar em franca posição de liderança. De fato o fez, mas por um período consideravelmente breve de tempo.

Quando o modelo ensaiava estabelecer-se como o líder de seu segmento, dois anos após o lançamento, a Volkswagen lançou uma surpresa com a qual nenhuma perua da época era capaz de competir em condições de igualdade: a Parati.

Mais atual, com desempenho melhor e muita competitividade, a Parati foi uma das grandes responsáveis pelas quedas de vendas graduais da Panorama, até o momento em que ela fosse descontinuada de forma definitiva – em 1986 – para dar espaço à nova perua, derivada do uno: a Fiat Elba.

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