Você compraria um dos carros chineses disponíveis no mercado brasileiro? Fontes de especulação, informações falsas, expectativas e preconceitos, os carros chineses protagonizam um novo momento do mercado automobilístico nacional.
Após a consolidação de marcas norte-americanas e europeias, seguidas por japoneses e, mais tarde, coreanos, a China busca seu espaço. A proposta é somar funcionalidades e reduzir custos.
Curiosamente, o mercado nacional sempre reclamou de carros limitados a preços muito altos. Quando as marcas chinesas entram no jogo e buscam oferecer a solução, a reação reúne uma série de sentimentos contraditórios.
Entenda qual é a situação dos carros chineses no Brasil, e saiba o que os impede de ganhar mais espaço:
O problema da marca-país
Os carros chineses sofrem de uma espécie de estigma nacionalista. Isso não é, aliás, novidade no mercado brasileiro. KIA e Hyundai, por exemplo, antes de serem reconhecidas como são atualmente, eram apenas uma dupla coreana.
Demorou alguns anos até que o estigma do país fosse superado pela personalidade das marcas. Este parece ser o momento de dificuldade dos carros chineses. Como muitos possuem proposta parecida, eles apresentam dificuldade em individualizar-se.
Isso depende, é claro, da resposta do público para isso. Até o momento, trata-se de uma questão bastante complicada.
Completo e barato
Esta é a proposta básica de quase todos os modelos chineses no país. Pagar menos do que a faixa de preço da categoria em um veículo com todos os opcionais. No papel, parece um negócio ideal – um “negócio da China”, diriam os mais espirituosos.
Na prática, a situação é outra. Logo que chegaram ao país, algumas marcas demonstraram problemas de manutenção, acabamento e de disponibilidade de peças. O resultado, é claro, foi a perpetuação da ideia de baixa qualidade, que é difícil de ser modificada.
Além disso, há a questão do design. Algumas marcam vieram significativamente despreocupadas com o apelo emocional de seus modelos. Outras, declaradamente imitavam modelos de montadoras mais tradicionais. As estratégias individuais apenas auxiliaram a desenvolver o estigma.
As desconfianças são reais?
Depende – e este é o grande problema de falarmos sobre “carros chineses” no geral. Cada marca possui o próprio esforço para desenvolver sua personalidade. Algumas focam na disponibilidade maior de concessionárias, enquanto outras querem tornar parte de sua produção nacional.
Houve, de fato, um período de graves problemas técnicos com algumas das marcas chegadas aqui. Atualmente, fala-se pouco sobre problemas atuais do tipo. O problema é que leva mais tempo para a opinião pública modificar-se, do que leva para as marcas reconstruírem-se.
A questão das concessionárias
Um dos maiores medos de possíveis donos de carros chineses, é a falta de concessionárias. O problema é inegável e precisa ser discutido.
Parte da consolidação de uma marca ocorre através das concessionárias. O problema é que a expansão exige financiamento e incentivo. No Brasil, o resultado mediano das montadoras da China faz com que bancos diminuam a disponibilidade destes financiamentos para elas. Por isso, a solução para este problema, em especial, ainda é incerta.
Opiniões de donos
Fazendo uma pesquisa rápida em meios online, é possível acessar uma grande quantidade de depoimentos sobre os carros chineses. Para dificultar o problema, elas são mistas.
Algumas falam sobre o ótimo preço e atendimento, enquanto outras declaram exatamente o contrário. Por vezes, isso ocorre a respeito de uma mesma marca. É necessário considerar, no entanto, o que se pode observar com maior frequência.
Há uma série de reclamações a respeito de acabamento e material utilizado no interior da maioria das marcas. Isso não é surpreendente e, para sermos justos, não é exatamente um problema. É razoavelmente esperado um acabamento menos caprichado em um veículo significativamente mais barato do que seus concorrentes.
O lado bom diz respeito ao feedback mecânico dos veículos. Cerca de cinco anos atrás, era possível encontrar inúmeros relatos de carros que deixavam de funcionar corretamente vindos da China. Atualmente, parece que esta não é mais uma característica comum entre os carros chineses. Por isso, se sua preocupação é baseada no medo do mau funcionamento, este não deve ser um problema.
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